Artigo | O poder do Efeito Indústria

04/08/2021 - 14h34
Mauro Santos​​​​ é supeintendente da Fiemt e do IEL MT

O estado de Mato Grosso (MT) é uma potência produtora de bens de consumo básicos, dentre os quais soja, milho, algodão, minérios, madeira e carnes (bovina, suína e aves). Essa produção primária tem produzido resultados positivos para o estado, exemplo disso é que, em 16 anos, o PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso cresceu mais de 600%, saltando de R$ 19,1 bilhões, em 2002, para R$ 137,4 bilhões em 2018, em valores nominais. A indústria mato-grossense também tem acompanhado esse crescimento, pois, entre esses mesmos anos, o seu VAB (Valor Adicionado Bruto) cresceu 537%.

Toda essa riqueza também chamou a atenção de pessoas de outros estados brasileiros e, até mesmo, de outros países. Atraídas pelo potencial econômico do estado, ao realizarem a migração, provocaram uma explosão demográfica, cuja população, que, em 1991, era de 2.027.231, atingiu o número de 3.441.998 em 2018, registrando um crescimento populacional de 69,7% em MT e de 46% no país. Além disso, o rendimento nominal mensal domiciliar per capita do estado também é destaque, cujo valor hoje é de R$ 1.401,00, ocupando a 8ª colocação entre os estados da Federação.

De acordo com os números disponibilizados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em 2021, o estado tem 9.322 indústrias que empregam formalmente 149.482 pessoas, números esses que podem crescer com o avanço da indústria, isso porque a verticalização, cada vez maior da produção, além da agregação de valor, gera empregos, oportuniza uma renda maior e promove o consumo, o que causa o aumento na arrecadação de impostos. Assim, com mais recursos em caixa, o Estado pode investir na melhoria da infraestrutura, educação, saúde e segurança, levando benefícios a todos os cidadãos.

Para entender um pouco mais sobre a geração de valor do Efeito Indústria, vamos analisar a atuação sobre o milho. Atualmente, uma saca (60 kg) de milho in natura é comercializada a R$ 77,00, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e, como produto de exportação, tem isenção de ICMS, conforme disposto na Lei Kandir. Assim, o milho exportado gera R$ 77,00 de riqueza por saca para o estado. No entanto, se for industrializada na cadeia do etanol de milho, por exemplo, essa mesma saca de milho agrega 280% ao seu valor, saltando de R$ 77,00 para R$ 223,30.

Estudos do Observatório da Indústria, setor pertencente à Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), mostram que, no estado, 50% do milho que é exportado, se industrializarmos, a agregação de valor poderá até triplicar. Como exemplo, em 2019 o estado exportou in natura 23.994.145 toneladas, em que 50% dessa exportação, ou seja, 11.997.072 de toneladas, geraram uma riqueza de R$ 5,6 bilhões.

O Observatório da Indústria estudou também o Efeito Indústria no algodão e descobriu que, se fossem beneficiados aqui, 30% do que é exportado in natura, os ganhos seriam de até 730% de agregação de valor, com geração de 95.000 empregos

Contudo, para potencializar o Efeito Indústria, a sociedade mato-grossense tem importantes desafios a serem superados, que impactam na competitividade das nossas empresas: a longa distância dos principais mercados consumidores; um mercado consumidor pequeno, de 3,4 milhões de habitantes, distribuído em dimensões continentais de 903.357 km² e o alto custo de produção, como o do óleo diesel e da energia elétrica, que estão entre as mais caras do país, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Ainda como desafio é preciso pensar em ações que permitam a geração de economias de escala, de novos produtos baseados em insumos localmente abundantes e do aprimoramento técnico-produtivo das indústrias locais; Além da qualificação de mão de obra, do investimento em educação e de um sistema tributário que facilite o dia a dia das empresas, bem como possibilite a redução de custos das empresas.

O poder do Efeito Indústria é real e tem como resultado gerar benefícios econômicos e sociais. Vamos juntos criar ou apoiar as condições necessárias para o avanço da indústria em nosso estado? Pense bem, você prefere vender uma porção de produto básico e ganhar R$ 77 ou industrializar essa mesma porção de produto e ganhar R$ 223,30?

(Fontes de consulta: CNI, Firjan, IBGE, Imea e Observatório da Indústria da Fiemt)

Mauro Sergio dos Santos é economista, bacharel em Direito. Atualmente é Superintendente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

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